quinta-feira, 11 de abril de 2013

Um Tempo para a Afinidade, Paixão e Sacanagem.

Como num filme antigo em preto e branco, a cena acontece ruidosa, acompanhando a imagem trêmula da tela que reproduz perfeitamente a palpitação dos lábios que nada dizem. As mãos mantêm-se unidas pelas pontas dos dedos, amparadas pelo medo da separação. Os olhos embargados pelas lágrimas tentam ostentar um perfil de certeza, mesmo sabendo que dali pra frente, nada mais seria solo firme.
 
E então chega o dia que tudo parece estar de ponta cabeça. A situação inverteu. Tudo era perfeito. Uma beleza nos atos e nas palavras ditas, todas sinceras e com um ar de ansiedade.
Sabíamos que isso iria acontecer, uma hora ou outra. Já era previsto, o problema foi não ter pensado em como seria quando acontecesse. E doeu. Lágrimas de tristeza pela perda, que pode ser concreta, mas também de alegria, pelo abraço intenso e acolhedor, pela sinceridade, carinho, respeito e pela esperança que nunca morre.
Não teve erro, não teve nada ruim. E a dor é grande quando algo bom vai embora. Foi simplesmente perfeito. Perfeito no momento imperfeito. Como uma flor linda que nasce em um dia de tempestade. 
Algumas palavras não foram ditas, ainda tem muita coisa guardada para falar, para mostrar. Só queria que soubesse que meu bom dia ainda pertence à ele. Que meu corpo e minhas vontades sinalizam pensando nele. Que todo o carinho guardado aqui dentro, eu continuaria dando à ele. 
Eu queria acreditar que não era para ser assim, eu estava acreditando que não seria. Mas nossas escolhas são diárias, e é impossível fazer sempre as mesmas. Era um sonho lindo, mas que de repente amanheceu nas mãos do tempo, com uma fraqueza tão nossa. Uma dificuldade de assumir que os caminhos divergiram, e talvez, só talvez, seja melhor seguir sozinho.
Talvez o tempo não resolva nada. Pois pessoas resolvem as coisas. Precisa de coragem para seguir o rumo que precisa ser seguido.
Pode ser que tudo volte de uma forma melhor, pois os mesmos ventos que levam no outono as folhas secas e cansadas, trazem de volta na primavera os lírios e as cerejeiras, que podem ou não dar no mesmo pé de outrora, mas certamente florescerão mais lindos e renovados do que nunca.
Minha vida está aqui, vou continuar dando luz à ela, mas é na primavera que prefiro acreditar, mesmo sabendo que o silêncio responde até aquilo que não foi perguntado. 

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